segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O método PIC-NIC de recompensar atitudes positivas

É impressionante o quanto o mundo do aprendizado e suas formas de fazê-lo é infinito, e a cada dia, a cada leitura despretensiosa sempre aprendemos algo novo.

Lendo "O encantador de vidas", de Eduardo Moreira, encontrei essa pérola descrita por seu professor, o lendário Monty Roberts, um método de recompensar cavalos por sua obediência e acertos que Monty explica ser perfeitamente aplicável a nós humanos.

Trata-se da técnica PIC-NIC - Positive Immediate Consequence-Negative Immediate Consequence, que significa consequência imediata positiva-consequência imediata negativa.

Para compreender esse método precisamos abrir um parêntese para explicar a sua origem filosófica. Segundo Monty, diferente dos animais caçadores que conquistam seu alimento através de uma luta, os cavalos alimentam-se de mato e capim, disponível em abundância na natureza.

Assim, quando você premia um cavalo dando-lhe um torrão de açúcar ou uma cenoura isso não tem nenhum valor a título de recompensa, pois o alimento lhe é abundante, não tem status de prêmio. O mesmo não acontece com um cachorro, que depende de conquistar seu alimento diariamente, e para quem um biscoito ou um osso lhe serve como excelente prêmio ou estímulo, sendo percebido assim uma consequência positiva por seu acerto.

Por isso Monty diferencia o método de gratificação a um cavalo dando-lhe afago entre os olhos ou alguns minutos de descanso após executar alguma tarefa bem feita. No caso de uma tarefa mal feita, como por exemplo um salto errado, a consequência negativa pode ser simplesmente obrigá-lo a saltar novamente, forçando-o a realizar todo o esforço por mais uma vez. Por outro lado, após um acerto, o ideal seria recompensá-lo com um merecido descanso ao invés de obrigá-lo a saltar de novo, proporcionando-lhe a ideia de uma consequência positiva pelo seu ato ao invés de força-lo a um outro salto.

Transferindo esse modelo de recompensa para o ser humano, cabe a nós aprender como nos manifestar para fazer uma criança perceber com clareza se seu ato lhe trouxe consequências positivas ou negativas.

Exemplo na escola

Vamos supor que seu filho tirou nota 10 em Matemática, 9 em Português, 9 em História e 6 em Geografia. Sua reação certamente será uma exclamação: "O que foi que aconteceu com Geografia, que tirou somente 6?". Aqui você ofereceu-lhe uma amostra de consequência negativa nada estimulante ao ignorar as outras notas boas e focar suas atenções a uma nota baixa, quando o ideal seria parabenizá-lo por todas as notas boas e ignorar a nota baixa. Isso o faria a sentir-se recompensado com seu estímulo e o levaria a buscar uma superação em Geografia na próxima prova.

Exemplo em casa

Algumas crianças cometem erros sem ter noção das consequências de seus atos. Fazem apenas por motivo de desenvolvimento próprio, a busca por novas experiências e auto conhecimento através de suas habilidades pessoais, e com isso cometem erros. É quando uma criança está em meio à família e por todo o tempo ouve repressão do tipo "não faça isso", "não faça aquilo", "se fizer isso de novo vai ficar de castigo", ou então "se continuar assim não vou deixar você brincar com seus amigos mais tarde". Essa criança está sob constante ameaça, e contudo, quando comporta-se adequadamente, raramente recebe palavras de apoio, e não raramente ouve de seus pais "ainda bem que hoje ele nos deu sossego". Onde está a consequência positiva transmitida através de seus atos após algum acerto? Não houve, e por isso ela certamente não repetirá seu acerto na próxima vez, pois não recebeu nenhuma motivação que justifique seus esforços.

Assim, é preciso estar mais atento à natureza e à maturidade de uma criança para saber dosar a pressão e aumentar a percepção dela acerca das consequências positivas e negativas de seus atos.

Nesse contexto, Nuno Cobra, um dos mais bem sucedidos preparadores físicos do Brasil (era o treinador de Ayrton Senna), cita que nossas crianças já crescem com medo de vitórias, ou seja, em sua fase de aprendizado, desde os primeiros passos, são desestimuladas a novas conquistas através das regras da casa, das coisas que não podem mexer, não podem pegar, não podem subir e não podem experimentar. Ora, como formar crianças positivas e vencedoras se tudo aquilo que tentam fazer pela primeira vez lhes é proibido? É necessário saber dosar e separar aquilo que é proibido daquilo que é perigoso, permitindo ao pequeno ser em formação alcançar certas conquistas e perceber que aquilo lhes oferece consequências positivas.

O exemplo prático está naquela criança que atirou objetos contra uma lâmpada e a quebrou. A abordagem pode oferecer consequências positivas parabenizando-a pela boa mira e por ter acertado a lâmpada, e negativas, mostrando a ela que agora, ao anoitecer, aquela lâmpada fará falta para iluminar. Demonstrando essas duas variáveis, a criança será estimulada e conduzida a brincar de tiro ao alvo utilizando latinhas vazias da próxima vez, pois isso permitirá uma boa brincadeira sem provocar nenhum desconforto com a quebra de um importante objeto, o que é uma consequência negativa.

Sabemos que crianças são movidas a curiosidade, seu mundo é de descobertas. Inibi-las com castigos frequentes e repressão constante em nada ajudam para a conquista da sua auto confiança e iniciativa. As lições de Monty Roberts, pioneiro da técnica de doma de cavalos sem o uso da violência, e de Nuno Cobra, especialista na busca da excelência do corpo e sua capacidade de vencer, nos servem de exemplos para promover um desenvolvimento a cima da média a nossas crianças, através da promoção das consequências positivas de seus atos corretos e o apontamento das consequências negativas de seus atos errados..

Por hoje trago a tona essas dicas sobre educação e criação infantil. Podemos desenvolver nossos filhos indiretamente para serem adultos auto confiantes, empreendedores e vencedores. Pois no mundo capitalista onde vivemos, quem estiver melhor preparado para vencer, certamente vencerá.

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