segunda-feira, 17 de maio de 2010

É mau aluno? Então bota pra trabalhar! Humm...

Estava pensando em algo que venho notando já algum tempo nas empresas por onde passei: a dificuldade de aprendizado no trabalho dos filhos dos proprietários das empresas.

Já venho encontrando essa situação em vários lugares por onde trabalhei, mas nunca na condição de gestor dos entes queridos. Isso me trouxe alguns minutos de reflexão.

Muitos empresários introduzem seus filhos adolescentes/jovens em seus empreendimentos comerciais para que se familiarizem e tomem gosto pelo trabalho remunerado. Assim, os pequenos são escalados para realizar serviços de escritório, como lançamento de notas, almoxarifado, departamento pessoal, manutenção de computadores, atendimento ao cliente, etc.

Normalmente, tenho visto isso acontecer com aqueles que apresentam alguma dificuldade no aprendizado escolar. Talvez, frutos de pais já bem sucedidos, não conseguem vislumbrar que a boa vida de hoje não será herdada amanhã, quando estiverem com seus 30 anos e serão donos do próprio nariz, custeando a própria vida.

Mas voltando ao trabalho, esses jovens aprendizes são colocados em funções que tendem a os desestimular mais do que se possa imaginar, pois são atividades chatas para alguém que ainda pensa que a vida é feita de baladas.

O fato é que colocar os jovens para trabalhar para "compensar" o fraco desempenho na escola, naquela falsa expectativa de que "pelo menos estarão aprendendo uma profissão" pode ser o maior tiro no pé que um pai possa dar. Ao deixar de desempenhar esforços para que os pequenos cumpram seu papel da tenra idade, que é estudar incondicionalmente, os pais acabam prejudicando ainda mais o período escolar e ainda forçam os filhos a fazer algo insuportavelmente chato, quase um castigo para eles. Os pobrezinhos, que já não têm futuro como alunos competitivos para entrar em faculdade, passam a não ter futuro também como profissionais, fazendo aquilo que certamente nunca foi o seu sonho de futuro.

Cabe aos pais tratar seus filhos estudantes com o mesmo critério como tratam seus funcionários: conversar com eles ao detectar um baixo desempenho. Devem discutir sua satisfação como filhos e consigo mesmo, identificar algum complexo, algo que os incomode pessoalmente. Devem discutir sua satisfação com a escola, identificar se estão felizes lá onde estudam. Devem falar sobre o futuro, o que pensam e gostariam de fazer profissionalmente, para que se dê maior foco no alcance desse sonho ou objetivo de vida. Devem colocar-se ao lado deles para que sejam uma referência, um apoio, e não contar sua história de vida como se aquilo fosse exemplo a ser seguido. Os pais de hoje não podem se esquecer da diferença comportamental e social que há entre a sua adolescência e a do seu filho, em pleno século 21, era das telecomunicações avançadas.

Em síntese, se alguém já assistiu Super Nanny deve ter notado que todos os problemas dos filhos são 100% consequência de má administração familiar dos próprios pais. E um dos erros clássicos que vejo é exatamente esse: colocar um filho mau aluno para trabalhar cedo. Isso certamente não resolve nem um problema e nem o outro. E ainda provoca um mau estar para toda a equipe de trabalho da empresa do pai-patrão.

Os filhos, acredito que são um patrimônio maior do que os negócios. A diferença é que errando com eles você pode comprometer toda uma vida... não a sua, mas a deles.

4 comentários:

  1. Olá Adriano, gostei muito do seu post. Tenho uma filha de 13 anos e seus pensamentos me fizeram refletir sobre a liberdade de escolha dos nossos filhos quando você trata de assuntos, escola, trabalho e da vida também e acrescento ainda que a competição ou uma possível frustração de pais descarregadas nos seus filhos podem comprometer muito a estrutura emocional deles e sabemos que ela é uma das principais características que provavelmente o farão ter sucesso profissional e principalmente pessoal. É torcer sempre por muito discernimento. Até mais!

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  2. Adriano,
    Concordo com você, é a mesma coisa que nas escolas. Funciona mais ou menos assim: em casa o aluno tem um computador top de linha com todos os recursos, etc. e na escola é aquela desgraceira, nada funciona. Bom, e aí, que é que o aluno vai fazer? Adivinha só!! Nesse caso aqui do post, os pais literalmente mandam o bom senso passear, fazem essas besteiras de castigar o filho com uns trabalhos chatíssimos e depois querem sucesso!! (Aí o filho vai odiar o trabalho) Não, assim não dá. Ih, tô falando demais. Bjsssss

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  3. Mas se o próprio diz que quer trabalhar? No meu caso não posso atender a todos os anseios e o adolescente diz que não precisar ficar pedindo aquilo que, de uma certa forma, consegueria obter se estivesse trabalhando...e não estou falando de coisas caras, absurdas, mas que, com o orçamento apertado, não dá pra suprir.

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  4. Olá Luiz, obrigado por sua participação! No seu caso, acho legal que ele tenha tido essa iniciativa e desejo de ser economicamente suficiente para suas compras. É um ótimo sinal, pois sabe que tudo tem seu custo e que nada vem de graça. Acredito que deva incentivar essa idéia e estimulá-lo realmente a trabalhar. No contexto que descrevi refiro-me principalmente a filhos que fazem de conta que trabalham e não têm compromisso com suas atividades por estarem na empresa do próprio pai, e nesse caso a experiência não lhes oferece benefício nenhum.

    Acho que nos tempos em que o governo não colocava tantos impecilhos para o trabalho de adolecentes a sociedade amadurecia melhor. Hoje, até para jovens a partir de 16 anos trabalhar é uma burocracia tremenda, mesmo para os que precisam ajudar a família com uma renda a mais.

    Mas se tiveres uma oportunidade de trabalho para seu filho onde ele consiga conciliar com a escola, e ele mesmo tenha interesse nisso, não vejo porque não aproveitar! Vai valer a pena, fará dele um grande homem no futuro, pode apostar.

    Grande abraço!
    Adriano

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